terça-feira, 21 de abril de 2015

Motoaventura Serra do Rio do Rastro dia 20.04.15

A chance de chover estava indicado como sendo de 100%, porem acordamos e Curitiba e nada de chuva, pegamos a BR101 em direção a Florianópolis e de lá em direção ao pé da serra e até ai sem chuva. Deveríamos acessar a Serra do Rio do Rastro por Orleans via uma cidade chamada Braço do Norte mas o GPS do Marco que tem vontade própria (e que GPS não tem!) decidiu chegar em Orleans por uma cidade pequena chamada Pedras Grandes a terra do vinho Goethe (assim estava na placa da entrada da cidade), e o GPS sabia o que estava fazendo, esta eh uma cidade pequena que fica no pé da montanha e onde o visual da natureza é muito bonito, acompanhada quase que totalmente por um rio. Bem, vamos ao que interessa, chegamos em Orleans e até ai apenas ameaça de chuva. Abastecemos e seguimos em direção a famosa Serra do Rio do Rastro e já no acesso a chuva começou e forte. O Inivaldo e o Marco já haviam colocado a roupa de chuva antes mesmo de chegar à Pedras Grandes e eu deixei para colocar mais a frente apenas quando a chuva apertasse e apertou e não foi tempo suficiente para evitar de molhar a minha jaqueta, decisão errada, vivendo e aprendendo! iniciamos a subida ainda sem saber o que encontraríamos e ansiosos por saber porque esta serra é tão famosa, e ai quando chegamos e começamos a subida então entendemos o motivo.Vou tentar descrever em palavras mas vocês podem ter uma ideia pelas fotos abaixo, imaginem o seguinte: Uma natureza com muita mas muita mesmo vegetação nativa, montanhas para todo o lado, cachoeiras caindo como se tivessem vindo do céu, uma subida íngreme feita por uma estrada estriada e estreita contornando as montanhas iniciada há décadas pelos Tropeiros, um abismo maluco encostado ao longo desta estrada, pontos de parada para contemplar a natureza e o que o homem fez para se integrar a ela, isso para nós foi nossa impressão da Serra do Rio do Rastro, simplesmente inacreditável de bonita e emocionante ao mesmo tempo, mesmo sob a chuva! Eu subi a uma velocidade de 15-20 Km/h e parava a cada mirante para contemplar esta natureza tão intensa. Certamente uma das melhores experiências que já tive de moto. No final da serra tem uma área bem ampla com restaurantes e estacionamento para recuperar o fôlego da experiência, neste topo chega-se a 1421m de altitude, ou seja, parte-se praticamente do nível do Mar e em 15Km de estrada chega-se nesta altitude, apenas para se ter uma ideia do quão íngreme é esta serra. Gostaria de poder descer e subir varias vezes mas com chuva e a necessidade de retornar a Curitiba não foi possível. Outra coisa que gostaríamos de fazer e foi uma indicação de um motociclista de Garopaba que encontramos no pedagio é visitar os Canyons de Fortaleza e Itaimbézinho que disse que é de tirar o fôlego, essa fica para a próxima. Deixamos a serra em direção à Curitiba via Lages e a chuva continuava a não dar trégua, e então a partir dai iniciou-se a jornada mais desafiante que tivemos em toda a nossa experiência em viagens de moto, nem o Atacama foi tão desafiante assim. Continuava a chover muito forte, o visual era muito bonito lá em cima também, porém tivemos que passar por um trecho longo de estrada (90km para ser mais exato) onde não haviam demarcações, buracos que não dava para ver, pedras espalhadas pelos acostamentos tudo isso sem uma visão clara de tudo uma vez que as viseiras não nos deixava ver com clareza por onde estávamos rodando mas ainda estava de dia. Chegamos em Lages e abastecemos para pegar então a BR116 e a chuva continuava a não dar trégua. Logo no começo da BR escureceu e ainda tínhamos que rodar mais de 400km! porem em uma condição de baixa visibilidade, muito caminhão e carros, pista simples, muita curva e juntando-se a isso o frio e o equipamento já molhado que não resistiu a tanta chuva. Não conseguíamos desenvolver mais do que 70-80Km/h e nessa velocidade o tempo e os Km não passam! o cansaço começava a querer cobrar seu preço o que torna a viagem perigosa pois qualquer desvio de atenção e a  vontade de chegar mais rápido poderia ser fatal. Tínhamos que nos ajudar pois em alguns momentos um ou outro não conseguia ver nada a frente e só tínhamos a luz da lanterna das nossas motos ou a de um carro/caminhão para nos guiar, quando não tinha nada estávamos por nossa conta para nos precaver das curvas em uma estrada completamente no breu. As vezes rolava alguns relâmpagos e dava para ver as silhuetas das montanhas e isso fazia um espetáculo a parte e deixava claro que a estrada em outras condições seria uma curtição. Ultrapassagens eram algo que tínhamos que fazer porem era sempre uma tensão. Chegavam os pedágios e perguntávamos quantos Km faltavam para Curitiba e era sempre muito mais do que pensávamos (o GPS do Marco parou de funcionar), foi aí então que aprendemos que tínhamos que usar mais do que o preparo físico para passar por esta situação sem acidentes, tínhamos que aprender a controlar nossas mentes e com isso deixar de lado o impacto emocional do frio, da chuva, do corpo molhado, da distancia que faltava, do horário que avançava noite a dentro, das tensões das curvas e ultrapassagens, da baixa velocidade, enfim era a nossa mente que tinha que ser forte. E assim foi, saímos do topo da Serra por volta das 13h e chegamos em Curitiba as 23h! foram quase 10h para rodar uns 500km! e o sentimento de conquista ao chegar foi marcante! enfim...eh isso ai! trabalho em time! mais uma experiência para a nossa bagagem! amanha não faremos o Rastro da Serpente pois a moto do Marco esta com um barulho preocupante que seria arriscado subir a serra forçando a moto nas suas mais de 800 curvas em 250km, voltaremos para São Paulo pela BR mesmo, mas tudo bem, deixamos esta serra para outro dia!